1. Conceitos
Regra Geral: acentua-se a preposição a
quando, substituindo-se a palavra feminina por uma masculina, o a torna-se ao.
A crase pode resultar:
Assisti à (a + a)
sessão inaugural.
b) Da contração da preposição a com o pronome
demonstrativo a.
Não me refiro a essas caixas mas às
(a + as = a + aquelas) que estão na prateleira.
c) Da contração da preposição a com o a
inicial do pronome demonstrativo aquele (aqueles,
aquela, aquelas, aquilo).
Não deverias ter faltado àquela
(a + aquela) reunião.
Observação
O pronome aquele (e variações) e
também aquilo e aqueloutro (e variações) podem
receber crase no a inicial, desde que haja um verbo
ou um nome relativo que peça a preposição a.
2. Soluções práticas
O problema da crase pode ser resolvido
mediante a aplicação dos seguintes artifícios:
2.1. Para os substantivos
comuns
Se, ao trocar o feminino por um masculino qualquer,
aparecer a combinação ao, devemos crasear o a que
antecede o feminino.
Fomos à cidade (ao
centro) comprar mantimentos.
2.2. Para nomes de lugar
Troque a preposição a
por para, de ou em e observe.
Se der para a, da
ou na, é necessário crasear o a que foi substituído.
Se der para, de ou
em, não devemos crasear o a substituído.
Com crase
Pretendo ir à (para a)
Europa.
Fui à (estive na)
Guanabara.
Sem crase
Chegamos a (voltamos de)
Fortaleza.
Pretendo ir a (para)
Curitiba.
Observação
Para saber se existe ou não crase neste caso,
é possível usar as frases a seguir:
Quem vai a e volta da, tem crase.
Quem vai a e volta de, não tem crase.
Vou à Holanda. (Volta da
Holanda.)
Foi à Jordânia. (Voltou da
Jordânia.)
Irei à Suiça. (Voltou da
Suiça.)
Foi a Israel. (Voltou de
Israel.)
3. Regras de verificação
Para saber se a crase é aplicável, ou seja, se
devemos usar a contração à em vez da preposição a,
usamos uma das regras de verificação:
1) Substitui-se a preposição a por
outra preposição, como em ou para.
Se, com a substituição, o artigo definido a
permanecer, então a crase é aplicável.
Pedro viajou à Região Nordeste.
Com crase, porque equivale a Pedro viajou para a
Região Nordeste
O autor dedicou o livro a sua esposa.
Sem crase, porque equivale a O autor dedicou o livro para
sua esposa.
2) Troca-se o complemento nominal, após a,
de um substantivo feminino para um substantivo masculino.
Se com a troca for necessário o uso da
combinação ao, então a crase é aplicável.
Prestou relevantes serviços à comunidade.
Com crase, porque ao se trocar o complemento - Prestou
relevantes serviços ao povo - aparece a combinação ao.
Chegarei daqui a uma hora
Sem crase, porque ao se trocar o complemento - Chegarei
daqui a um minuto – não aparece a combinação ao.
Observação
A crase não ocorre antes de:
a) palavras masculinas,
b) antes de verbos,
c) pronomes pessoais,
d) de nomes de cidade que não utilizam o
artigo feminino,
e) da palavra casa quando tem
significado do próprio lar,
f) da palavra terra quando tem sentido de
solo,
g) expressões com palavras repetidas (dia a
dia).
4. Crase com pronomes adjetivos
possessivos
a) No singular, é facultativa.
Pediu flores à/a minha
família.
b) No plural, a crase é obrigatória
se, além da preposição a, aparecer o o artigo
as (a + as = às).
Se aparecer somente a preposição a,
não haverá crase.
O cônsul enviou várias cartas às
suas filhas. (a + as = às).
O cônsul enviou várias cartas a suas
filhas. (a).
5. Crase com nomes próprios
personativos
Diante de nomes próprios pesonativos do gênero
feminino, a crase é facultativa.
Diga à/a Maria que
estamos esperando.
6. Crase inexistente
Tendo por princípio que a palavra à
é o feminino de ao, não existe crase onde também não
cabe o uso de ao.
Portanto, não se usa o sinal de crase nos
seguintes casos:
a) Antes da palavra casa no sentido
de lar, domicílio, quando não acompanhada de adjetivo ou
locução adjetiva.
Voltamos a casa
(Saímos de casa) contentes.
Mas,
Ela foi à casa das Bonecas.
b) Antes da palavra terra usada em oposição
a mar, ar e bordo.
Ainda hoje chegaremos a terra.
Mas,
a) No sentido de terra natal ou planeta,
sempre ocorre crase.
O astronauta voltou à Terra.
b) No sentido de chão firme, oposto
de bordo, só ocorre crase quando vier acompanhada de um modificador.
Os jangadeiros chegaram à terra
procurada.
Ele voltou à terra dos avós.
c) Antes de palavra masculina,
exceto quando estiver subentendida a expressão à moda de ou à
maneira de.
Falaram a respeito de você.
A punição fica a critério do
chefe.
Mas,
Tens um estilo à Jorge Amado.
Observação
A contração à pode surgir também
com a elipse (omissão de uma ou
mais palavras sem prejudicar a clareza da frase) de
expressões como à moda (de), à maneira (de).
É este o único caso em que à se
pode usar antes de um nome masculino.
arroz à grega
à maneira grega
filé à Chatô
à moda de Chatô
d) Antes de pronome pessoal.
Contaram tudo a ela.
e) Antes de expressões de tratamento.
Respondemos a
Vossa Senhoria em maio.
Observação
O pronome de tratamento Senhora
admite crase, pois não se trata de uma expressão ou locução de
tratamento.
Quando falei,
não me referi à Senhora.
f) Antes dos pronomes demonstrativos
este (esta, estes, estas, isto) e esse (essa,
esses, essas, isso).
Não dou
importância a essas teorias arcaicas.
Observação
Os pronomes demonstrativos de terceira pessoa aquele,
aquela, aqueles, aquelas podem levar
crase.
Entreguei as chaves àquela
mulher.
g) Antes dos pronome indefinido.
Atendemos a
qualquer hora do dia.
h) Antes dos artigo indefinido.
Estou falando
a uma platéia seleta.
i) Antes do infinitivo.
Estou
disposto a colaborar com a turma.
j) Entre palavras repetidas (expressões
tautológicas: Repetição inútil da
mesma ideia.idéia.ideia em termos diferentes).
Ficamos frente
a frente.
Observação
Existem as seguintes exceções:
É preciso declarar guerra à guerra!
É preciso dar mais vida à vida!
k) Quando o a está no
singular (preposição pura) e a próxima palavra no
plural.
Ou seja, antes de plural sem o emprego
do artigo definido as.
Prendeu-se a
questões de pouca importância.
a brilhantes cientistas.
a problemas.
l) Antes dos pronomes relativos que,
quem e cujo.
Não me lembro
do processo a que te referes.
Observação
Antes do pronome relativo que,
ocorrerá crase quando o a equivaler à contração da preposição
a com o pronome demonstrativo a (=
aquela).
Estas cadeira
são iguais às (a + as = a + aquelas) que
estão na sala ao lado.
m) Antes da palavra distância, salvo
quando se trata de distância determinada.
Fiquem a distância.
Mas,
Vê-se um barco à distância
de oitocentos metros
n) Antes de verbos.
Preços a combinar.
o) Antes de numerais.
De 100 a 1.000.
Encontramos o
produto numa faixa de preço que vai de R$120,00 a R$ 150,00.
p) Após o uso de preposições.
Ante a descoberta o cientista gritou.
Após a voz de prisão o bandido entregou os comparsas.
Contra a ação do governo, João realizou um protesto.
q) Antes de topônimos (nome próprio de um lugar, sítio ou povoação. ex.:
Lisboa, Brasil, Nampula) de cidades que não admitem a:
Vou a Salvador.
Vou a Lisboa.
Vou a Madri.
Observação
Para
verificar se tem crase, fazermos a seguinte substituição:
Estou na ou vim
da (vai crase);
Estou em ou vim
de (não vai crase).
Vou a Brasília. Estou em Brasília. Vim
de Brasília.(não vai crase)
Estou na Brasília. Vim da Brasília.(não
concorda).
Vou a Bahia. Estou em Bahia. Vim
de Bahia.(não vai crase)
Estou na Bahia. Vim da Bahia.(concorda
e então vai crase).
7. Crase com locuções
Ocorre crase:
a) Nas locuções adverbiais femininas
iniciadas por as.
Faremos tudo às
claras.
b) Nas locuções que indicam hora
determinada.
Saí de casa às
quatro horas.
c) Nas locuções prepositivas
formadas por palavra feminina.
Vimos à
procura de informações mais seguras.
d) Nas locuções conjuntivas
formadas por palavra feminina.
À medida que o tempo passa, fico mais nervoso.
8. Crase facultativa
A crase é facultativa nos seguintes casos:
a) Antes de nome próprio feminino.
Refiro-me à/a Fernanda.
b) Antes de pronome possessivo feminino.
Dirija-se à/a sua
fazenda.
c) Depois da preposição
até.
Dirija-se até à/a
porta. ande para (a) direita
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